Seus antepassados foram samurais e, com a força das armas, chegaram a fazer um imperador. Foi assim o auge político, econômico e social do clã Taira no Japão durante o período Heian (794-1192). Nove séculos depois, um membro da antiga linguagem de samurais precisou de toda a força e disciplina, típicas dos guerreiros, para sobreviver às agruras da vida no campo e à truculência do Estado Novo. Heutaka Taira desembarcou no Brasil quando tinha 19 anos em 1931. Era um estudante dedicado às artes marciais e sonhava em ser escritor. Filho mais velho de cinco irmãos, logo que foi enviado às fazendas de café no interior paulista, percebeu que seria vítima da exploração de fazendeiros inescrupulosos e passou a promover a volta dos japoneses à terra natal. Integrou uma sociedade secreta denominada Taisei Yokuban Doshe Kai (Associação dos Correligionários da Cooperação da Grande Política) e, por enfrentar as restrições impostas aos imigrantes do Eixo (Japão, Alemanha e Itália) durante a Segunda Guerra Mundial, foi preso e processado com base na Lei Militar de Segurança Nacional.