Não é tarefa tão simples apresentar a versão final do texto de mestrado de Ygor Pierry Piemonte Ditão. Não apenas porque se trata de um livro inovador, de uma obra cuidada, mas porque existem, por detrás de sua gestação, circunstâncias muito peculiares, que um prefácio não pode deixar de notar.Caso exista uma forma de predicar a obra, prefiro dizer que se trata de um "livro de autor", quer dizer, um texto que traz impressa a marca de quem o escreveu. Creio eu que tenho alguma autoridade para dizer que uma pesquisa que assume seu próprio ponto de vista, que enuncia o olhar, não é menos científica que qualquer outra, bem ao contrário: todo autor das chamadas ciências sociais traz em si as suas marcas de formação, suas referências, suas aspirações para o futuro. Daí, assumi-las - ou quase assumi-las - em sua pesquisa é uma imposição da honestidade científica, que faz o texto mais verdadeiro e, assim, por paradoxal que possa soar, mais objetivo.Ygor Ditão, para além de sua inequívoca vocação intelectual, traz uma inquietação pela mudança da realidade, ou, o que significa quase o mesmo, o ideal de construir um texto hiper-realista: seu olhar lhe dá liberdade para, a partir de referências teóricas muito bem marcadas, descrever o pontoem que está a sociedade, com irrenunciável marca de contemporaneidade. E seu "Integração da América Latina: uma construção a partir da separação de poderes do Brasil e Argentina" é o plasmar dessa realidade.Victor Gabriel Rodrigues