Em decorrência de mudanças resultantes dos avanços tecnológicos no mundo, novos espaços de sociabilidade e formação estão se constituindo na sociedade. No campo informacional, em especial, o ciberespaço tem proporcionado novas possibilidades de interação e de comunicação por meio das redes e comunidades virtuais entre jovens de camadas populares, que, por sua vez, são desafiados, sobretudo nos espaços urbanos, a construírem novas formas de sociabilidade. Pela falta de opção de lazer nos bairros periféricos, é cada vez mais comum encontrá-los conectados à Internet, seja em lanhouses ou nos próprios smarphones. Nesses espaços, jovens acessam jogos, vídeos, fazem pesquisa e participam de sites de relacionamento e de comunidades virtuais. Com base nos referenciais de Pierre Bourdieu, considera-se que as formas desses jovens de perceberem e apreciarem o mundo diferem-se conforme a posição na estrutura social dos agentes sociais, cujos gostos e estilos de vida estão ligados a sua posição no espaço social. Desse modo, estes jovens, desprovidos de capitais cultural e social, mas em busca de inserção no mundo social e virtual, apropriam-se de estratégias educativas para obterem e/ou manterem as várias formas de capital para participarem do jogo em diferentes campos sociais. Por meio de uma pesquisa empírica com jovens de camadas populares, este livro busca desvendar as estratégias educativas e sociais que são utilizadas por estes jovens para se inserirem social e culturalmente em uma sociedade altamente seletiva e excludente. Entender como jovens de camadas populares lidam com o mundo virtual e quais estratégias educativas e sociais utilizam para inserção no mundo digital e no real é um debate atual e que necessita de compreensão, especialmente, por parte dos educadores.