O livro Matizes da Psicanálise: Ensaios Entre a Clínica e a Cultura, organizado por Berenice Carpigiani, Bartholomeu Vieira e Eduardo Fraga de Almeida Prado, oferece uma reflexão abrangente sobre a teoria e a prática psicanalítica. Estruturado em capítulos escritos por diversos autores - estudantes e professores -, a obra se baseia nos fundamentos de Freud, Klein, Bion e Winnicott para analisar casos clínicos, demonstrando como a psicanálise se articula tanto como ciência quanto como prática. Por se tratar de um trabalho acadêmico, o livro discute a complexidade da vida psíquica contemporânea e as tensões entre teoria e prática na clínica, como a contenção emocional durante as sessões. Aborda, ainda, a importância da supervisão em grupo como espaço de aprendizado coletivo e apresenta a técnica do "fanfiquei", que sugere a criação de narrativas terapêuticas. A obra explora conceitos fundamentais, como o infamiliar e sua relação com a segunda teoria das pulsões (vida e morte), conectando as angústias ao inconsciente. Além disso, compara experiências de pacientes a casos clássicos, como o de Schreber, analisado por Freud, e examina a psicanálise em contextos de desigualdade e trauma. Outro ponto de destaque é a discussão sobre a formação do psicanalista, enfatizando que seu papel vai além da prática clínica. A obra também resgata a contribuição de mulheres na psicanálise, analisando como enfrentaram resistências e influenciaram o campo, especialmente no estudo do desenvolvimento infantil e na compreensão do papel do feminino.