No mundo, nada de relevante se faz sem discurso. Presenciamos processos sociais, culturais, políticos, econômicos, demográficos, diaspóricos etc., que chamamos de globalização e que caracterizam a modernidade recente. Nosso mundo é o mundo da compressão do tempo e do espaço, da tecnologia digital, dos choques e das mudanças socioculturais, das hibridizações de vários tipos (linguísticas, culturais, discursivas etc.), da hiper-semiotização, da superdiversidade, da presença do chamado terceiro mundo no primeiro e vice-versa, dos fluxos entre fronteiras físicas e virtuais, entre outros processos, com os quais nos deparamos continuamente e que constituem um mundo no qual a linguagem ocupa um espaço privilegiado. Este livro é um convite para uma aventura intelectual. Ele examina, do ponto de vista da linguagem, o desmantelamento das fronteiras; a diminuição da soberania dos Estados nacionais com a criação das grandes entidades transnacionais, a livre circulação de bens e de capitais; a descrença nas grandes narrativas. As circunstâncias históricas criaram um tempo em que adquirem relevo as margens, o descentramento, o dialogismo, as mestiçagens, os hibridismos, as imigrações, a recusa da pureza. Esse ar do tempo leva a pôr em questão os construtos teóricos com que operamos. Este livro propõe uma epistemologia fundada na instabilidade, na continuidade, na mistura linguística, nas práticas de linguagem, na heterogeneidade, nos fluxos, nas trocas, nos entrelugares etc. Luiz Paulo da Moita Lopes entrega aos leitores uma obra que desafia a imaginação, provocando-os a repensar o que foi dado como assentado, incitando-os a relacionar a teoria linguística às questões de nosso tempo, tempo de superdiversidade, tempo de transidiomaticidade, tempo de mistura, tempo de certezas abaladas, tempo de identidades cambiantes, tempo de não essencialidade. Este livro é um convite aos que têm paixão pela linguagem, por seu mistério e por sua epifania, por sua relação com a vida.