Os habitantes de Felicidade, município pequeno do interior do Brasil, vivem com invejável tranquilidade até o momento em que um velho avarento, antes de morrer, deixa uma herança inesperada: uma árvore que dá dinheiro. Ora, a euforia consumista que se espalha pela cidade quando essa árvore de flores extraordinárias é descoberta logo se transforma em depressão: as notas, tão perfeitas, tão novinhas, se esfarelam completamente quando alguém as leva para além da ponte que delimita a fronteira do município. Mas não leva muito tempo até a televisão e os jornais descobrirem essa árvore prodigiosa, fazendo com que a cidade voltasse a se encher de dinheiro, mas dinheiro de verdade, dinheiro que não se esfarela: as notas graúdas trazidas pela profusão de turistas ansiosos por rasgar e queimar dinheiro em Felicidade. Acontece, contudo que, mais uma vez, aquilo que parecia uma bênção se revela uma maldição: as árvores param de dar dinheiro e os turistas abandonam a cidade, deixando-a endividada e poluída, sofrendo os efeitos desastrosos dos investimentos econômicos exagerados, das enchentes e da erosão. Apenas algum tempo depois, algo volta a nascer das malfadadas árvores: não notas de dinheiro, mas frutos, deliciosos e suculentos, que ensinam àquela população cansada de tantos reveses a possibilidade de saborear coisas simples.