É praticamente impossível resistir à sedução dos contos de Machado de Assis, por sua beleza estética, plasticidade, concisão, dinamismo, objetividade. Em "Teoria do medalhão", ironiza e critica quem acredita poder viver das aparências, repetindo ideias alheias e repisando acontecimentos irrelevantes; em "O espelho" mostra a outra face do protagonista, a qual emerge quando ele veste certo uniforme; em "A causa secreta", expõe as características de gente sádica, cujo prazer provém do sofrimento alheio; e em "O enfermeiro", o remorso dá lugar ao esquecimento, efeito da passagem do tempo, que, todavia, não desfaz o crime. Seus personagens são flagrados num momento crucial da vida, no qual revelam, como muitos seres humanos, em suas atitudes cotidianas e "inconscientes", um lado de sua personalidade que se esforçam muito para ocultar: sórdido, vulgar, contraditório, mesquinho, indecoroso.