A descoberta do outro é o primeiro livro de Gustavo Corção, publicado originalmente em 1944, e um clássico da literatura brasileira. É o relato do autor do processo que passou de descoberta da própria miséria e busca pela entrega total de si à verdadeira Caridade. O outro, enquanto considerado como mera parte do nosso próprio mundo, nunca passa de uma função sem individualidade concreta. Os esquemas abstratos, as ideologias, tudo que põe o mundo enquadrado - "em papel milimetrado" - abole a verdadeira relação que deve haver entre os homens e impede que o outro se transforme no próximo, a quem a Caridade ensina a amar com a si mesmo. Corção descreve essa tensão de modo assombroso e sincero. Esta reedição ainda traz uma carta a Gustavo Corção do filósofo francês Jacques Maritain - que, junto de G. K. Chesterton, foi uma de suas maiores influências -, a respeito do livro A descoberta do outro. "Este livro tem um propósito muito simples. Há muita discussão sobre diversos objetivos políticos, tais como melhoria da educação, eliminação de classes sociais e criação de comunidades nas quais a igualdade humana é alcançada numa maior extensão do que aquilo que possa ser verdade em nossas sociedades atuais. Existem também objeções a esses argumentos, com respeito à necessidade de perda da liberdade ou à incompatibilidade da igualdade com a natureza humana. Proponentes e objetores geralmente baseiam seus argumentos em ideias preconcebidas; ambos postulam o tipo de natureza humana que se adapta ao seu propósito. Neste livro, fiz uma pergunta simples: o que a ciência tem a dizer sobre o assunto? Com quais conhecimentos a psicologia, a genética e a fisiologia têm contribuído nas últimas décadas que nos permitiriam considerar essas questões desapaixonadamente e chegar a uma conclusão que seja menos fortemente baseada em ideias preconcebidas? De modo mais geral, essas ciências têm algo a dizer que devemos nos atentar diante da tomada de decisões político-sociais? Eu estou fortemente convencido de que em muitas áreas - educação, penalogia, mobilidade social, para dar apenas alguns exemplos quase aleatoriamente - já existe conhecimento suficiente para considerar imprudente para a sociedade desconsiderar tais contribuições da ciência para o bem-estar social."(H. J. Eysenck)