Diante de mais uma adversidade imposta pela vida, o diagnóstico de câncer, fico pensando se não devo me inspirar em algo que me ofereça ainda mais força para enfrentar a doença. Um bom exemplo de resistência, superação e êxito. Escolhi a notícia ruim. Sim, essa vencedora! Ela é rápida e certeira. A começar que o seu suporte nasce em florestas plantadas, vira papel e nos chega pelas mãos de um emissário. E gera emprego, renda e lucro, não apenas para o crescente setor de entregas, como também para os da saúde e do direito, em especial. Em tempos digitais, a notícia ruim está revigorada, fortalecida pela Internet. Chega ainda mais rápida, em alguns casos até com reforço artístico de um desenho ou foto. E o mais grave, se espalha com imensa rapidez ultrapassando barreiras de todos os tipos. Vencendo, até mesmo, os responsáveis organismos criados para checar a veracidade dos fatos informados pelas mídias sociais - essa terra de todos e ainda de ninguém. A notícia ruim é tão impactante, causadora de inimagináveis reações, que entre outras consequências consegue contaminar o próprio emissário. Você fica com raiva de quem lhe informou, como se o transmissor tivesse culpa no conteúdo e em seus desdobramentos. O ser humano tem uma tendência biológica de se interessar mais pelo ruim do que pelo bom. No Brasil, dos últimos anos, esse fator comportamental teve o incentivo da pandemia da Covid-19, da cultura do ódio gerada pela polarização política e da crise econômica que vitimou milhõesde pessoas. Ana Flora sempre foi uma guerreira. Este seu livro, referencial para quem enfrenta o câncer, traz um relato sincero, espontâneo e absolutamente digno de alguém que buscou superar a notícia ruim, o tratamento sofrido e a angústia do que poderá acontecer amanhã. Uma leitura que equilibra razão e emoção, mas, em especial, garante algo maravilhoso: viver é bom, vale a pena! Ricardo Viveiros.