Nesta obra corajosa, a (auto)biografia se torna ferramenta de insurgência. Ana Maria Anunciação da Silva, mulher negra e professora da roça, utiliza a escrita de si para desvelar os mecanismos de opressão de classe, raça e gênero, mas também para celebrar as táticas de (re)existência que florescem no campo/roça entendido como território de vida, produção (i)material e aprendizagem.Ancorada na potência epistemológica antirracista e feminista, a autora problematiza a educação, o fazer e a formação docente, a partir de vivências orientadas por uma práxis pedagógica enraizada no território e nos saberes ancestrais. Sua voz também ecoa a denúncia e o anúncio freiriano, a medida que apresenta reflexões sobre a escola e o currículo como territórios em disputa, e o direito à memória, à existência e a capacidade de imaginar outros mundos possíveis.Esta obra, portanto, nos convida à ação reflexiva do que podemos aprender com essas formas de RESISTIR e (RE)EXISTIR dos povos do campo/roça, nos mostra que a luta por uma Educação do Campo, alimentada pela terra, memória e agroecologia, é fundamental para desnudar os sistemas de opressão e nos guiar à práxis de uma educação libertadora e enraizada na vida.Heron Ferreira Souza