Apenas dois meses após o ataque de Violet Gibson (1876-1956) em 7 de abril de 1926 contra Benito Mussolini no Capitólio, em Roma, o juiz de instrução ordenou uma avaliação pericial de sua enfermidade mental, que foi confiada aos psiquiatras Augusto Giannelli (1865-1938) e Sante De Sanctis (1862-1935). Como se sabe, o fracasso do atentado por motivos fortuitos e ocasionais criou uma espécie de mitificação do "corpo" do líder do fascismo (o capítulo escrito por Pietro Stampa no volume é dedicado aesse tema). O Tribunal Especial de Defesa do Estado, posteriormente instituído pelo Regime Fascista, proferiu em 6 de maio de 1927 uma sentença de imputabilidade por incapacidade de compreender e de querer de Violet Gibson, que, de forma radicalizada, retomou o laudo pericial elaborado no anterior contexto jurídico de garantias e liberalismo.O fim do julgamento implicou para Violet o retorno à Inglaterra para ser internada no Hospital St. Andrew's, onde morreu, ainda institucionalizada, em 1956. A investigação sobre os motivos da viagem e da sua permanência prolongada na Itália, juntamente com a análise crítica de seu diagnóstico médico-psiquiátrico, nunca cuidadosamente estudado em suas implicações psicológicas, leva a uma nova interpretação histórica que destaca a capacidade de Violet de pretender, se não querer, cometer o atentado. Alguns capítulos deste livro, que contém o documento original do laudo psiquiátrico elaborado em 1926 por Augusto Giannelli e Sante De Sanctis, são dedicados à revisão do caso judicial que, como historicamente reconstrói o capítulo escrito por Carolini Cunha, teve certa repercussão também no Brasil. Partindo das incoerências presentes no relato, emerge sua problemática relação com Antonio ColonnaDuca di Cesarò (1878-1940), expoente político da oposição aventina a Mussolini, a quem é dedicado um capítulo específico do livro escrito por Agostino Spataro. Dessa releitura, que se baseia numa abordagem histórico-circunstancial (ver os capítulos do livro escritos por Giovanni Pietro Lombardo e Germana Pareti), ressurgem as reais motivações subjetivas de Violet para efetivamente realizar um ataque antifascista, em protesto contra as penas leves proferidas pelo tribunal comum no processo de Chieti contra os assassinos de Giacomo Matteotti.