Iniciação, liturgia, ritos de passagem norteiam a existência das personagens que a poeta, médica, editora e tradutora Virna Teixeira soube desenhar nessas dez peças que marcam a sua estreia na prosa de ficção. Não é à toa que o batismo do conjunto traz o título homônimo da narrativa com que a escritora abre o livro: A pupila, uma aluna de medicina que atua como assistente de professores em seus anos de formação, vindo a se tornar autora de ficção científica. Um dos atributos da escrita ficcionalde Virna Teixeira é a descrição, a habilidade de figurinista. A partir desses traços, os seres que habitam as páginas de A Pupila podem ser tudo, menos normais: são fetichistas, sádicos, masoquistas, dominadores, exploradores, exóticos, aventureiros, excêntricos, enfim. O que nos leva diretamente à eroticidade com um tratamento que o olhar privilegiado de Virna Teixeira soube imprimir. As mulheres (que quando trocam de roupa são perigosíssimas, fatais), nesta coletânea, ocupam lugar de relevo:são inteligentes, sedutoras, sensuais, sensíveis e fortes (mesmo as aparentemente dominadas). Todas as protagonistas são dotadas de um poder, consciente ou inconsciente, que ao termo demonstram possuir. Outro ponto digno de nota nas histórias de Virna Teixeira é o ludismo, e o humor. O lúdico que Cortázar descreveu como "uma atividade profundamente séria. A brincadeira como uma coisa que tem uma importância em si, um sistema próprio de valores e que pode dar uma grande plenitude a quem a pratica". Entrar nesse mundo facultado é uma experiência que se abre, generosa, a possibilidades. Cada história é convite para um pacto entre a narradora e o leitor, uma jornada na qual não sairá ileso de sustos e surpresas.
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