Uma história literária; social e afetiva da cena cultural do Brasil - com enfoque em Manuel Bandeira e seus afetos. A trinca do Curvelo é um desses prodígios da articulação entre crítica literária; crônica afetiva e jornalismo cultural que com muita sorte aparecem a cada uma ou duas gerações. Premiado em 1995 pelo Pen Club como melhor ensaio e reeditado agora com dois novos ensaios que versam sobre a presença de duas mulheres na vida e na obra de Manuel Bandeira; o livro toma como ponto de partida uma crônica do poeta de Carnaval sobre uma turma de garotos peraltas de Santa Teresa; no Rio; para expandir seus limites e retraçar uma narrativa de deliciosas coincidências entre um trio que marcou a cultura brasileira.Pois foi ali; naquele bairro encravado entre ruas íngremes; vielas e panoramas deslumbrantes da Baía de Guanabara que três grandes personalidades iriam se reunir na primeira metade do século XX. Manuel Bandeira ocupava a casa de nº 51 na Rua do Curvelo; Nise da Silveira morava em frente ao poeta na mesma rua; e Ribeiro Couto tinha seu quarto ali mesmo também; na pensão de Dona Sara. O Rio então era a Capital Federal; a cidade que se modernizava a passos largos; mas que também ainda preservava paragens bucólicas e quase interioranas; onde Bandeira; Nise e Ribeiro Couto iriam roçar cotovelos enquanto ajudavam a transformar o cenário intelectual.Por fortuito que pareça (e é); essa sincronia de personalidades e talentos tão distintos ajuda Elvia a construir - por meio de poemas; cartas; crônicas; rememorações - uma espécie de biografia coletiva tendo Bandeira como centro irradiador. Mas também; a certa altura; a autora pede passagem e relembra a sua própria convivência; décadas mais tarde; com Nise; já uma personalidade quase legendária em nossas ciências. Pois esta é; como já reza o seu subtítulo; uma história de afetos.