O novo contexto sociocultural da pós-modernidade implicou uma respetiva mudança no paradigma religioso e, obviamente, no próprio cristianismo. Na verdade, hoje já não se é cristão por tradição, mas por convicção. E diante de um cidadão contemporâneoque, em nome da sua autonomia e liberdade intelectual, exige compreender por si próprio as razões pelas quais deve (ou não) acreditar em Deus, compete à apologética cristã assumir uma outra via: antes de se apresentar Deus pela via célere da doutrinaou da teoria, que muitas vezes nos conduzem a um Deus demasiado "metafísico, distante e inacessível", surge o desafio de O apresentar inicialmente pela via da experiência e do quotidiano, os quais nos demonstram um Deus mais "próximo, presente e ativo" na trama da existência humana.Se o conhecimento, em geral, parte dos sentidos do corpo humano (Aristóteles), então uma via plausível para também se falar (do mistério) de Deus passa pelos elementos do corpo humano (daí uma "anatomia da fé"). Aliás, nisto reside a diferença do cristianismo em relação a outras religiões: acreditamos num Deus que assume a nossa corporeidade humana (Jo 1,14), ao revelar-se de um modo pleno na pessoa de Jesus Cristo.Com base nestes pressupostos, a obra debruça-se sobre oito elementos do corpo humano (olhos, ouvidos, boca, nariz, mãos, pés, cabelo e coração), a partir dos quais relança alguns conteúdos centrais da fé cristã, sendo uma autêntica "introdução pós-moderna ao cristianismo". Neste puzzle literário, cruzam-se assim dados bíblicos, teológicos, litúrgico-sacramentais, espirituais, antropológicos e culturais, deixando ainda alguns desafios concretos para a vivência da fé cristã na atualidade.