Para muitos, o Apocalipse é um livro absolutamente enigmático e, portanto, consideram inútil lê-lo. Mas é difícil pensar que Deus legou para a sua Igreja uma tão impressionante revelação sabendo que ela seria inacessível ao entendimento de todos. Umenigma insolúvel é o oposto de uma revelação.O Padre Leonardo Castellani dedicou boa parte da sua vida à interpretação deste livro revelado a São João; com a ajuda da tradição patrística da Igreja e dos autores mais recentes como Pieper, Newman e oCardeal Louis Billot, apoiando-se sobre os ombros destes grandes intérpretes do livro das revelações, Castellani, aproveitando o privilégio dos acontecimentos já realizados, entendeu que o Apocalipse não deve ser interpretado como uma história linear, mas de acordo com outro gênero literário, a profecia.Os vários septenários - O toque das trombetas percorre as sucessivas heresias ao longo dos séculos até o findar do último; os sete selos descrevem a curva de progresso secular e do Cristianismo no mundo; o pré-anúncio das calamidades até o fim dos tempos, as punições de Deus à grande apostasia - seguem um método sistemático e recapitulatório. Em algum momento o hagiógrafo interrompe sua narrativa e se volta para uma nova visão; quando seaproxima à Parusia, recomeça uma nova perspectiva. A marcha não é reta, mas em espiral.Nesta obra, Castellani não pretende encontrar significados alegóricos em detalhes que acabam criando visões diferentes, mas procura sempre apontar o significadoda imagem total. Sua interpretação é tipológica, a mesma que o próprio São João usou para descrever a última perseguição à luz da primeira.Descreve-se em uma espécie de polifonia os acontecimentos que sucedem no Céu e na terra, e apresenta-se o grande drama da luta secular entre o bem e o mal: o afastamento do sobrenatural, o endeusamento do homem, a proliferação de falsas doutrinas, a confusão, o caos, as pestes monstruosas, terremotos, fogos do céu, enfim o apocalipse total. Os sinais estãoem todos os lugares; a história caminha para os horríveis castigos preditos no livro que encerra as Sagradas Escrituras.