Se observadas com honestidade intelectual, não parece coincidênciao recorte racial nas cifras do grande encarceramento e da letalidade,ambas convergentes em um sujeito-tipo específico. Na verdade,qualquer pesquisador em estado prático seria capazde compreenderheuristicamente essa linha mestra que permeia o poder punitivo.Obviamente, os sujeitos que compõem essas estatísticas são pobres,pois a pobreza se nutre do racismo no Brasil. Esses indivíduos nãosão negros ou pardos porque são pobres; são pobres porque são negrosou pardos. Por isso, quando olvidamos essa interseccionalidade ? ouseja, quando desconsideramos a racialização da pobreza no Brasil ?incorremos em uma invisibilização da questão central que alimenta aseletividade dopoder punitivo.