Em pouco mais de cem anos, mudaram-se várias vezes as percepções do lugar e da importância das obras e dos artistas africanos naquilo que podemos chamar de museu imaginário do Ocidente. De início, não se reservava para o que se produzira e continuavaa produzir-se na África mais do que um pouco de espaço dedicado ao excêntrico, ao curioso, ao esdrúxulo e, até mesmo, ao rudimentar e ao grotesco. Mas é certo, por outro lado, que já no começo do Novecentos a escultura africana fora acolhida com entusiasmo por alguns jovens artistas europeus, que nela viram o exemplo, quando não a inspiração e o modelo, para traçar o rumo de suas próprias criações. Esses artistas, que se tornariam os grandes nomes do século XX - e falo de Vlaminck, Derain, Matisse, Kirchner, Picasso, Braque, Juan Gris, Brancusi, Lipchitz e Modigliani -, repetiram o que se passara, séculos antes, com Donatello, Luca della Robbia, Sansovino e outros italianos do alvorecer do Renascimento ao redescobrirem a Grécia antiga: m