Um patchwork de ideias, costuradas habilmente com o fio delicado da literatura. Luiz Raul Machado reúne nesses contos, quase crônicas, todas as dimensões e texturas do branco. Neve, gesso, papel, transparente, areia, gelo, sujo, pérola, prata, esmalte, cristal, marfim se justapõem e contrapõem num bordado contraditório, de ausências, lembranças, recomeços, alegrias. São histórias ligadas pela contradição inerente ao branco: será mesmo invisível? Ou a soma de todas as cores? O que é verdade, mentira, espelho no cotidiano desses personagens? A menina que se perde em soluços ao quebrar o brinquedo predileto; o aluno capaz de colorir uma folha em branco com as mais alvas paisagens; a filha que se torna guardiã do esquecimento do pai. O branco que marca, desbota, magoa, ganha contraste nesses pequenos extratos do cotidiano. Na transparência do fim do amor, no desespero da loucura, no sorriso que fere ou, ainda, no esquecimento da morte. Cada uma dessas pequenas aventuras guarda em si as possibilidades de um arco-íris. Em seu inexorável colorido, disseca as diferenças, contextualiza sentimentos. Mas As 17 cores do branco engloba muito mais que mármore, nuvem, cal, fosco, seco. Traz sensações, emoções, que desfilam em páginas, brancas. Repletas de possibilidades, carregadas de palavras. Cada uma delas uma impressão digital marcada para sempre nessa história. O dedo do autor, sinal indelével de seu talento, impresso em desafiadora tinta negra.