Por considerar que os fenômenos celestes naturais têm importância vital para as sociedades e que, inclusive, afetam, pessoa a pessoa, nosso bom humor, a autora escreveu este livro.Constatamos que os amanheceres de todos os tempos e lugares trazem para os vigilantes uma larga noção de "cosmos", como a entendiam os gregos a partir da palavra ??sµ??. O termo reúne a beleza e a ordenação regular do universo em todos os níveis. Hoje se tornou tão familiar que essa dimensão parece ter sido esquecida. Eis um deslize contemporâneo: olvidar que um simples e ao mesmo tempo magnífico nascer do dia, para além do espanto ante seu espetáculo gratuito, habitual, abrangente e renovador, veicula certezas e expectativas não apagadas da memória nem frustradas pela experiência de acordar. A partir da análise da obra de Guimarães Rosa a autora investiga o fluxo poético do qual participamos escassamente, mergulhar na substância criadora do escritor mineiro e, por breves e ínfimas análises que observem anascente homérica auroral, que impetuosamente flui da Grécia até os vastos sertões, apreender recursos e estratégias que mantêm os dias teóricos que virão, sempre e a cada dia, redivivos. Assim, cremos que, descobrir a organização das "auroras" no Grande Sertão veredas pode vir a ser um contributo efetivo para o entendimento de uma das obras mais representativas da literatura brasileira.