Pensar e problematizar a(s) cidade(s) pressupõe o reconhecimento que a paisagem citadina é construída a partir de múltiplos fazeres sociais, formas de apropriação do espaço e vivências de estar e ser na/da cidade. Tais experiências, nem sempre respeitam os limites das classificações geográficas, técnicas e jurídicas do que é "centro" e "periferia", "urbano" e "suburbano". Assim, problematizar a construção da cidade de Belém do Pará, entre os anos de 1918 e 1939, precisamente nas décadas seguintes ao fastígio da economia gomífera e no contexto do chamado período "entre guerras", pressupõe buscar as tramas sociais cotidianas que foram entretecidas por diferentes sujeitos históricos que viveram na capital paraense na época. O olhar atento sobre as práticas de trabalho, sociabilidade e sobrevivência na cidade, articuladas por esses segmentos de trabalhadores pobres urbanos, possibilita descobrirmos os trilhos, os veios e os caminhos da história da Amazônia, ainda pouco percorridos na historiografia contemporânea acerca da região.