Neste romance de estreia arrebatador, Dia Bárbara Nobre se baseia em histórias reais para criar Urânia, um povoado no Nordeste do Brasil que se transforma, sob a proteção do espírito de uma jovem assassinada, em refúgio para mulheres em situação de abuso e violência. Fugindo do passado, Teresa encontra por acaso o pequeno povoado de Urânia, que logo se revela uma terra nutrida de sangue. A forasteira não sabe, mas, reza a lenda, a cidade esconde uma mitológica serpente de fogo, que há séculos descansa em um buraco fechado por uma grande pedra.A região agora abriga um entreposto comercial bem-sucedido, graças aos esforços e talentos de Abigail, uma mulher que buscava recomeçar a vida livre das amarras do pai rigoroso e da submissão esperada do casamento. Ali ela estabelece uma pequena sociedade matriarcal, onde tudo cresce e dá frutos, e nada sai de seu controle - exceto a filha, Hermínia. A jovem, enfeitiçada pelo amor de um homem perverso, se entrega a um relacionamento que, por ciúmes, culminará com sua morte violenta. Seu espírito, perdido em meio a tanto ódio e injustiça, passa a vagar por aquelas terras em busca de vingança, e Hermínia se torna a santa das espancadas.Boca do mundo entrecruza a vida dessas três personagens em um enredo brutal e envolvente sobre as violências diárias a que as mulheres estão submetidas, e também as maneiras possíveis de enfrentá-las e recomeçar a vida."O presente de ler uma escritora de ficção que de fato cria, imagina, inventa: lugares, pessoas, sonhos, histórias dentro de histórias. Dia Bárbara Nobre se esbalda no seu rico repertório de culturas, sotaques e costumes do Brasil, dos santos e das divindades, das Encantadas e dos mistérios - que existem e estão por aí. Uma história tecida com fineza, que nos pega pelo pé e não solta, nem depois da última página." - Lorena Portela"Muitos mundos passam pelo povoado de Urânia, mas somente as mulheres os percebem. Elas trabalham, comandam, enfrentam a violência e a dor com sua fé no sonho. Dia Bárbara Nobre arranca a linguagem da terra seca da caatinga e do ventre molhado das suas personagens e escreve fértil, de forma única, ladeando com o vento. Leitura essencial." - Morgana Kretzmann