Os vínculos de Borges com a cultura e tradições judaicas ajudaram a criar muitos dos seus textos clássicos: ´´´´El Aleph´´´´, ´´´´El Golem´´´´, ´´´´La Escritura de Dios´´´´ e outros. Em Borges e a Cabala, Saúl Sosnowski mergulha - com conhecimento arguto - nas complexas tradições da mística judaica, para aproximá-la dos temas e dos princípios de composição em Borges. Da mesma maneira que, para a Cabala, a criação do universo é um revelação derivada do artifício combinatório de letras e palavras dos textos sagrados da Bíblia, do Zohar, do Sefer Yetzirah, para Borges o texto representa uma sequência infinita de possibilidades gramaticais combinatórias, ou seja, fórmulas verbais que aproximam o autor da função do demiurgo. Nas palavras do próprio Borges, ´´´´Em cada um de nós existe uma partícula de divinidade. Evidentemente, este mundo não pode ser obra de um Deus todo-poderoso e justo; ele depende também de nós. É isso o que nos ensina a Cabala, longe de ser apenas uma curiosidade estudada por historiadores e gramáticos´´´´.