Por que a compreensão do capitalismo racial é tão urgente para quem deseja transformar o mundo em um lugar mais justo e humano? O novo título da coleção Pontos de Partida, de autoria do sociólogo Ruy Braga, traz o tema para o centro do debate. Capitalismo racial: uma introdução examina o conceito a partir do marxismo negro e analisa três espaços geográficos diferentes: África do Sul, Brasil e Estados Unidos. Braga, que também coordena a coleção, inicia destacando as teses que identificam o racismo como o principal motor das relações de dominação e exploração ocidentais e capitalistas. A obra segue apresentando e discutindo autores que estudaram a articulação entre acumulação econômica e opressão racial, como Frantz Fanon, Walter Rodney, Cedric J. Robinson, W. E. B. Du Bois, C. L. R. James e outros. A comparação entre os três países no contexto do capitalismo racial é tema da terceira parte e se dá por meio de uma análise comparativa das três diferentes trajetórias históricas nacionais. "Compreender a articulação entre acumulação econômica e opressão racial é indispensável para a construção de uma autêntica unidade internacionalista da classe trabalhadora. E assumir uma perspectiva comparativa e internacionalista permite iluminar não apenas as formas de dominação, mas também as trajetórias de resistência, solidariedade e articulação política entre as diversas lutas dos povos e grupos sociais racializados ao redor do mundo", escreve o autor. Trechos"A ascensão de lideranças como Donald Trump revela a atualidade da relação entre racismo e imperialismo. O político republicano, ao buscar elevar o antagonismo racial à condição de principal motor dos conflitos sociais nos Estados Unidos, também usou o racismo como pano de fundo para sua guerra comercial com a China. Infelizmente, essa realidade não é exclusiva dos Estados Unidos. Em diferentes contextos históricos, a ascensão do nacionalismo autoritário e as ameaças à democracia muitas vezes assumem uma forma xenofóbica ou abertamente racista".Ideologicamente, a opressão racial no Brasil foi associada à suposta incapacidade da massa negra em se integrar ao modo de vida moderno. Daí chegou-se à naturalização da condição marginal do negro e à necessidade de submeter suas comunidades ao assédio policial constante. Ainda hoje, cobra-se ao trabalhador negro um comportamento submisso, equivalente àquele que o senhor exigia do escravizado. Afinal, a morte do trabalhador negro continua dependendo da d