O grande êxito obtido pela primeira parte das Cartas a uma mãe tem demonstrado que, realmente, respondem a uma necessidade geral. "O século da criança" tem sido o slogan de um movimento renovador pelos direitos das crianças a uma educação racional. Temos que esquecer os métodos que a humanidade moderna herdou dos seus antepassados. Temos que lutar contra essas idéias antigas, ensinar os pais e os pedagogos a desmascarar os perigos de uma educação errada. Este tem sido meu sincero desejo.Quantas vezes tenho visto pais orgulhosos da magnífica educação que têm dado aos seus filhos e, ao mesmo tempo admirados e atônitos por verem que, mesmo assim, eles se tornaram crianças nervosas! Uma criança nervosa é uma prova de má educação. Os educadores erraram no começo e também depois.Minha longa experiência psiquiátrica autoriza-me a dar opinião sobre o assunto. Sinto-me no direito e no dever de tirar conclusões de minhas experiências e de comunicá-las aos pais de uma forma acessível!Na parte teórica mantive o limite estritamente mínimo. Deixei de lado a filosofia. Falo às mães como falaria aos seus alunos um mestre que só quer o bem para todos. O amor à infância fala em mim!Em todos meus livros, em todas minhas atividades sou levadopela convicção profunda de que somente o amor pode combater o mal, ajudar os fracos e curar os doentes. Mas devemos compreender, primeiro, o que quer dizer amar. "Ser compreendido é ser amado..." dizem os franceses. O amor é compreensão, e a compreensão é amor.Espero que este livro ajude os pais a compreenderem seus filhos. Isto é mais difícil do que geralmente se pensa. Como poderemos compreender os outros se não conseguimos compreender-nos primeiro? Este trabalho que estou realizando nos informará sobre vós mesmos, sobre nosso passado e sobre o porvir de nossos filhos.Árdua e espinhosa tarefa! Se eu conseguir tão somente uma parte dela, sentir-me-ei recompensado.