Ozualdo Candeias problematizou temas cruciais para o país de forma inovadora, criando efeitos estéticos que desconstruíam as linguagens cinematográficas com as quais o espectador brasileiro estava habituado, provocando sua reflexão.Neste livro, ao considerar o fazer cinematográfico como "construção de novas sensibilidades e gostos por meio da produção e circulação de imagens", Angela Teles enfrenta o desafio de propor novas perguntas à obra de Candeias, produzida na Boca do Lixo, relacionando-aao crescimento da metrópole e seus processos sociais e políticos, tendo o cuidado de as articular a outras abordagens estéticas ali realizadas. Ao cunhar a expressão "estética da precariedade", condensa aspectos primordiais do processo criativo de Candeias que lhe conferem singularidade. Precariedade entendida como tema e como escassez de recursos financeiros, como dificuldade de produção, distribuição e exibição, nunca como incompletude.