Nesta obra, Cicero Bezerra, em diálogo com uma vasta tradição de comentadores da obra clariciana, propõe um caminho interpretativo da experiência de Deus presente nos romances, crônicas e contos tomando como centro a noção de acontecimento. No coração deste conceito, que pulsa como a própria vida, desde o primeiro romance (Perto do coração selvagem) ao último (A hora da estrela) o autor encontra elementos suficientes para justificar o caráter dinâmico e irredutível da experiência de Deus como tema central da criação clariciana. Associado ao aspecto místico, que faz do cotidiano expressão do extraordinário brotar divino, o acontecimento de Deus eclode em uma linguagem que se autodenega como forma de proteção do aspecto inominável não somente de Deus, mas do sentido da vida.