Os clubes negros são territórios negros de "costumes em comum": de entretenimento, solidariedade, organização e atuação político-cultural de homens e mulheres negras. A formação e o desenvolvimento desses espaços se deram durante a escravidão, mas foi depois da abolição do cativeiro (em 13 de Maio de 1888) e implantação da República (em 15 de novembro de 1889) que os clubes negros adquiriram novas configurações, diferentes dimensões e maior capilaridade no seio da nação.Além de se constituírem um local de diversão, sociabilidade e visibilidade, essas agremiações surgiram como espaços de ajuda mútua, resistência, articulação e inserção social, o que possibilitou impulsionar corpos, mentes e projetos no campo dos direitos e cidadania, margens de empoderamento, sentimento de pertencimento a um grupo e afirmação de uma identidade negra positivada, com seus estilos de vida, visões de mundo e padrões estéticos e comportamentais específicos.É nesse contexto que se insere o livro Clubes Negros nas Américas, coletânea que reúne especialistas brasileiros e estrangeiros que vêm enfrentando o desafio de se debruçar sobre essas pulsantes experiências afro-atlânticas de associativismo negro. São 18 capítulos que versam sobre os clubes negros das Américas - Brasil, Estados Unidos, Cuba, Argentina, Uruguai e Paraguai -, a partir de temas variados no campo da história, sociologia, antropologia, educação, museologia e comunicação social. Temas lastreados tanto pelo uso de recortes, fontes e abordagens diversas, quanto pela pluralidade de ideias, categorias analíticas, narrativas e multiplicidade de interpretações.