Este segundo volume da coleção César Aira - composta de dezesseis títulos a serem publicados ao longo de quatro anos - apresenta outras e diversas faces do prismático escritor argentino que vem implodindo incansavelmente o senso comum literário. Com mais quatro peças de um gigantesco mosaico, esta caixa traz desde uma nova tradução da novelita mais adorada do público brasileiro até um ensaio autobiográfico profundamente poético, espécie de balanço da vida do escritor, sem deixar de fora, é claro, as pulp fiction amalucadas e adoradas. Com tradução a quatro mãos de Joca Wolff e Paloma Vidal, a coleção continua a oferecer posfácios de especialistas brasileiros e escritores contemporâneos do Brasil e da Argentina, reiterando o convite para observar de perto a constelação airiana. O divórcioReza a lenda que este livro foi escrito sob influência de A divina comédia, lida por César Aira pouco antes de concluí-lo, em 2008. Dada a espiralização de histórias cada vez mais idiossincráticas, é mesmo provável que o célebre autor argentino tenha sido impactado pelos círculos do inferno de Dante Alighieri. Dizendo assim, a novelita pode não parecer tão divertida, mas, como afirma Patti Smith em posfácio a esta edição "o brilhantismo do pesadelo o torna irresistível".De início, engatamos na história de um professor universitário recém-divorciado que passa férias no bairro de Palermo, em Buenos Aires. Em seguida, por uma sucessão de coincidências que põe em xeque todas as convenções literárias, acompanhamos um incêndio, um aprendiz de artista e um misterioso manual. Chegando ao fim, uma coisa é certa: fica-se totalmente transformado pelo frescor criativo da cosmologia airiana. ParmênidesO político e sacerdote grego Parmênides decide escrever um livro. Há muito com o propósito em mente, acredita que é a peça que falta para firmar o seu prestígio na sociedade. O hierarca deseja elaborar um tratado "sobre a natureza", mas lhe falta o conhecimento literário, o que o leva a contratar o poeta Perinola para ajudá-lo. Em meio a encontros e conversas animadas, os dois constroem uma amizade equilibrada em uma cega e mútua confiança. Assim os anos vão passando, e o livro, sonho de um e motivo de angústia para o outro, parece não deixar o mundo das ideias.Tecida com o fio da mais fina ironia, esta novelita contém reflexões antológicas sobre o ofício de escritor, o reconhecimento profissional e as contradições imiscuídas na equação tempo e dinheiro. E, como afirma An