Várias surpresas aguardam os leitores deste livro. Uma delas se situa na esfera da hermenêutica bíblica. Costuma-se ler o Antigo Testamento a partir do Novo, como se a revelação da nova aliança já estivesse contida na antiga. Claro que isso faz algumsentido para a tradição cristã, quando se considera o conjunto da revelação bíblica. Mas o autor propõe que essa hermenêutica deva ser aplicada com cuidado. Os textos do Antigo Testamento devem ter o direito de dizer sua própria palavra. É preciso observar o movimento progressivo da revelação de Deus na história da redenção, que obviamente culmina, para as pessoas cristãs, no evangelho proclamado por Jesus Cristo. E isso faz uma grande diferença para a interpretação dos textos, inclusive para os textos do Novo Testamento, escritos quase que unanimemente por autores que procedem da tradição hebraica. A outra surpresa refere-se à abrangência do tema pesquisado e à perspicácia da investigação. O ministério do Espírito é escrutinado em distintas épocas, em meio às transformações que se observa na história do povo de Israel. A abordagem culmina com a época que o apóstolo Paulo chama de "plenitude dos tempos", quando se intensifica e se amplia a ação do Espírito, que quer habitar e transformar o coração, a mente e a vida concreta da pessoa que crê. Recomendo, por isso, fortemente a leitura deste livro, numa época em que, mais do que nunca, é preciso discernir a ação do Espírito em meio ao "espírito do mundo", como nos alertava o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 2.12. Verner Hoefelmann Professor aposentado de Novo Testamento pela Faculdades EST