Os estudos apresentados nos capítulos desta coletânea se concentram na tarefa específica de evidenciar as motivações funcionais da coordenação em português, promovendo discussões que permitem, de saída, destacar dois pontos principais: (i) a refutação da aparente simplicidade do fenômeno defendida pela literatura; e (ii) as motivações não só semânticas, mas também pragmáticas, envolvidas na formulação dos enunciados. Quanto ao primeiro ponto de destaque, o tratamento inovador, em comparação com o da tradição gramatical, mostra que a coordenação consiste num processo de codificação que conecta unidades morfossintaticamente independentes, originadas de constituintes equipolentes em relação aos valores pragmáticos e semânticos envolvidos. O segundo ponto de destaque é a adoção da GDF como modelo teórico, especialmente a separação entre a Formulação e a Codificação, que torna evidente as motivações pragmáticas e semânticas envolvidas nos processos morfossintáticos em análise. Esse tratamento implica, portanto, uma concepção da coordenação como um processo mais complexo do que se vê na tradição gramatical e descritiva. Amplia o alcance da morfossintaxe na gramática do português o fato de que os trabalhos desta coletânea tratam não apenas de Coordenação, mas também de dois outros processos formais, o de Listagem e o de Expansão, entendidos como um reflexo, na Codificação, de estratégias da Formulação.É esse entendimento diferenciado que implica um refinamento da definição de coordenação, inclusive no âmbito dos estudos descritivos, o que, por si só, imprime ao conjunto da obra esse caráter notadamente inovador.