Envolvido pelas histórias que o Carmo conta, mas, principalmente, pelo modo como ele conta, estive durante a leitura dos textos deste livro sob absoluto controle de sua força narrativa. Não há mesmo possibilidade de qualquer ruído ou acidente no atoda leitura de um conto como Meu Gato, ou como Questão de Sobrevivência, ou ainda o que abre este livro, Dora, Téa, aquela menina prodígio que, depois dos cinco anos, ´vestida de saiote engomado, corpete de lantejoulas, sapa- tilhas recobertas de cetim, precariamente equilibrada em cima da tábua que trepida sobre o rolo instável, os bracinhos querendo ser asas, as mãozinhas achando apoio no ar, os dedinhos apontados para a lona, lá no alto, o rosto iluminado por um sorriso confiante de quem não vai cair e por fim se lança num salto ousado, quase um vôo até...´ (que texto!).