Há uma máxima em jornalismo que diz não existir o fato, mas apenas a versão. Se é assim, a versão dominante desses últimos dez anos da vida brasileira poderia ser resumida como um samba de uma nota só: baniu-se a postura crítica para dar lugar ao que os franceses chamaram de "pensamento único". Os escritos deste livro remam contra essa maré, daí o título Contraversões. Nele, Emir Sader e Frei Betto buscam iluminar o debate com novas formas de falar de velhas idéias e com velhas formas de falar de idéias novas. São desafios para quem os escreve, na disputa de espaços para que os brasileiros possam escolher melhor seu futuro. Nada incentiva mais do que o que pode ser mudado, nada desalenta mais do que o que tem destino marcado. O exercício de busca do conhecimento e de reapropriação da capacidade de fazer avançar o próprio destino é o de forçar a linha entre o que pode ser transformado pela mão dos homens - da maioria - e o que as forças do mercado - ou seja, alguns homens - insistem em definir como inelutável. Contraversões é um chamado a que pensemos o mundo além do estreito pragmatismo cotidiano. Um livro necessário aos saudavelmente descontentes.