Esta obra procura analisar uma possível articulação, ainda pouco explorada, entre as concepções estoicas de Crisipo e de Sêneca quanto à temática do tempo, buscando-se mostrar que há não apenas uma relação de diálogo entre essas perspectivas, mas também de complementaridade -?na medida em que ambas poderiam concorrer para esclarecer uma à outra, assim como para enriquecer uma possível, ainda que variegada, concepção de tempo estoica. Pois, assim como Crisipo erigiria, na Atenas do séc.?III?a.C., uma teoria pela qual a distinção de alguns aspectos do tempo (chrónos) nos permitiria, apesar de sua natureza contínua, concebê-lo como um intervalo capaz de refletir acontecimentos e, assim, nos dar a conhecer o estatuto dos existentes; Sêneca, na Roma imperial do séc.?I?d.C., validaria a estratégia de Crisipo, ao verter na questão filosófica do tempo (tempus) o reflexo pensado da existência, razão pela qual a recorrência desta temática em obras como as Epistulae e o De Brevitate viria a se mostrar estratégia fundamental em favor do despertar da consciência filosófica e moral a partir da constatação da condição humana.