A deficiência é uma construção cultural cuja história (de poucos séculos) pode e deve ser conhecida e analisada de acordo com uma perspectiva crítica que denuncia as formas particulares de opressão de um segmento significativo da sociedade. Este é opressuposto teórico e epistemológico compartilhado pelos autores e organizadores desta coletânea, afinados com o pensamento dos chamados Estudos da Deficiência (Disability Studies), área de estudos em franca expansão - no Brasil e no exterior - no campo das ciências humanas e sociais, que procura aproximar a pesquisa e a produção acadêmicas da realidade e das demandas dos movimentos sociais de pessoas com deficiência. O questionamento cultural, social e político da normalidade levado a cabo aquinão nega o papel da medicina e da reabilitação nas vidas das pessoas com deficiência, mas vai além, afirmando a necessidade de estar com os sujeitos, de atentar para a singularidade de suas experiências, de escutar suas demandas e de se engajar naluta com eles pelos seus espaços de visibilidade e inclusão na sociedade, distante portanto, das políticas meramente caritativas e paliativas.