Quando alguém como Eros Grau atua nas correntezas das veias sociais, conteúdos éticos tornam-se voz, em exigência e possibilidade de ser ouvida por quem está além dos chumbos das grades, dos muros mentais, dos silêncios murados? Condenará a omissão de quem pode impedir o sofrimento dos desprotegidos? Justamente nessa queixa milenar situa-se Eros Grau: fluxo de extensões do conhecimento livremente captando o humano e a partir do fundante teorema ético de Terêncio (''sou humano e nada do que seja humano julgo alheio a mim''). É capaz de condensar tal humanidade em textos atentos ao miúdo do existir das pessoas pobres.Então existe o jurista rompendo balizas legais para tornar-se valioso postulante (nas ruas das lutas práticas) de dignidades e liberdades, sentindo-se enquanto valores humanos em concreção de condutas. Jamais abstratos, pois estimados por pessoas encarnadas, mas condensadas nos esquemas econômicos ao amassamento e à mutilação de possibilidades.Diante de ampla obrasistemática e de cada palestra-marco na América Latina, Europa e Estados Unidos, a tônica deve ser colocada na imediatidade de suas falas. Os discursos de Eros Grau, reunidos neste livro, descrevem impotências e distanciamentos do Direito-Lei, mas desvelam caminhos de superação, pois ferem dilemas ocultos nas circunstâncias e revelam, enquanto sistema de conceitos indutivamente construído, as utopias ainda realizáveis. E tudo com excepcional e emotiva beleza. Qual em espaço de Atenas, o singularOrador do IAB fala essencialmente humano: lutas pelo comprometimento ante Outrem, reconhecendo, com Marx, as necessidades humanas como caminhos de liberdade, direitos de pessoas coletivamente percebidas e nunca máquinas do poder Capital.Esta edição de Do ofício de orador transmuda a linguagem do acontecimento em locução universal, porque objeto único e desdobrável em múltiplas extensões éticas de Direitos Humanos, Alteridades, Solidariedades, Empatias, Utopias, buscando o mesmo porto, semprelonge, que poderemos chamar de Justiça.