O medo, em faceta promi´scua aos mecanismos do governo neoliberal, e´ o fio condutor que percorre "Em rota de fuga". Marcado por um olhar pluri´voco, que perpassa a histo´ria da arte, Sade, cinema, vozes amazo^nicas e pra´ticas de escrita contempora^neas, o escritor e antropo´logo Fa´bio Zuker perscruta os desdobramentos dessa poli´tica para pensar outros mundos e formas de sensibilidade que criem efetivas rotas de fuga do ci´rculo de viole^ncia neoliberal. Ao tatear o "teatro-peste" de Artaud enquanto poli´tico, analisar um quadro de Caravaggio ou abordar o medo do vazio que orientou o pensamento este´tico e poli´tico dos se´culos passados, as reflexo~es do autor convergem para uma interrogac¸a~o: a que servem as infinitas imagens de dor eviole^ncia diariamente veiculadas pela mi´dia? Como denunciar tais abusos e viole^ncias sem recorrer a` megaexposic¸a~o da morte, como fazem de forma quase rituali´stica as mili´cias latino-americanas? A escrita surge enquanto pote^ncia disruptiva para questionar os moldes do poder e suas discursividades.