Curitiba é frequentemente associada à modernidade, às soluções no urbanismo e um eficiente ordenamento urbano. No entanto, a cidade possui mais de três séculos de existência e pouco se discute sobre o seu passado antigo.Muitos acreditam que Curitibafoi um grande vazio demográfico sem importância e que somente a partir da chegada dos imigrantes europeus passou a se desenvolver e supostamente se diferenciar do resto do país.Esta narrativa, no entanto, não responde por que uma cidade que é maisantiga do que várias outras do Sul do Brasil não possui um passado histórico conhecido? Por que todos os elementos que constroem a identidade cultural e os mitos curitibanos só aparecem a partir do final do século XIX e se desenvolvem com base na imigração europeia e do urbanismo?Este livro procura explicar estas questões, por meio de um estudo histórico e interpretativo do desenvolvimento da legislação curitibana e paranaense.O autor tem o propósito de instigar o leitor a entender como se deua construção de uma identidade curitibana, desconectada do passado campeiro de seus primeiros povoadores, que só foi possível pela força - e interesse - do Estado e suas leis."Era uma vez em Curitiba: Um estudo sobre a exclusão da cultura sulista na capital paranaense pela perspectiva do direito penal do inimigo", título inspirado nas obras máximas de Sergio Leone, não é em vão: o livro trata sobre grupos que estiveram aqui, masnão soubemos que existiram. Da mesma forma que bandoleiros do velho oeste não eram mais bem vindos nos Estados Unidos das grandes ferrovias e gângsteres judeus não eram mais desejáveis na Nova York das grandes organizações, falaremos sobre aqueles que não deveriam mais ser lembrados em nossa história.Até agora.