O menino aprende a enxergar a vastidão e a beleza pelo olhar do irmão mais velho. O taxista enxerga no retrovisor o olhar do passageiro perdido dentro de si, e busca-se em pensamentos no trânsito de São Paulo a caminho do aeroporto. O filho enxerga os pais, os pais enxergam o filho enquanto enxergam-se um ao outro, três pontos que convergem e divergem.Os onze contos deste livro, cada qual com seus próprios motores internos, são ligados por um fio invisível: o olhar sensível, singular e poderoso de cada um dos personagens. Deparam-se com os maravilhamentos e com a aridez da vida, duas faces entre tantas que vão moldando a alma humana sempre em construção diante da inexorabilidade do tempo.O extraordinário lirismo da escrita de João Anzanello Carrascoza é alinhavado com palavras precisas e resulta em construções sólidas, nem sempre (ou quase nunca) confortáveis. O autor consegue como poucos extrair grandiosidade dos pequenos gestos, das pequenas coisas. Nada é pequeno e desimportante no curso de um olhar ou na literatura de Carrascoza.