Estação etnográfica Bahia recupera um capítulo fundamental da história dos Estudos Afro-brasileiros que elegeu a Bahia como um repositório nacional e continental da "africanidade" entre os anos 1930 e 1960. Esse não foi um processo puramente local, dado pela indiscutível abundância das "sobrevivências" culturais africanas na Bahia, mas um produto de relações transnacionais frequentemente desiguais entre "forasteiros" e "anfitriões", observadores e praticantes do candomblé, intelectuais, políticos, artistas e lideranças religiosas. Como afirma o autor: "No caso do Brasil e mais especialmente da Bahia, a presença e o olhar de pesquisadores estrangeiros e de agendas acadêmicas e políticas estabelecidas em outros lugares não só influenciaram omundo do candomblé a partir do final dos anos 1930 [...], mas se tornaram parte integrante desses fenômenos sociais". Tais estudos, em contrapartida, tiveram um impacto decisivo na formação do campo de Estudos Africanos nos Estados Unidos e na agendatransnacional dos Estudos de Relações Raciais. (Julio Simões)