Os evangélicos parecem viver num mundo permeado pelo que a filosofia da religião entende como um mundo mágico. A mágica tem vocação dramática. Ela põe em ação forças misteriosas que podem gerar o bem, a beleza, a maldade, a destruição, o fim da vidade alguém em particular ou do mundo, como nas narrativas mágicas apocalípticas conhecidas na literatura bíblica. Esta chave de leitura encontra eco nesta coletânea. O caráter vocacionado ao apocalipsismo do movimento evangélico aparece como território fértil para um discurso teológico político engajado no mundo contemporâneo nacional. Sabemos que a natureza da teologia é a política, sendo seus sacerdotes agentes do poder secular disfarçados de mediadores do sobrenatural. Por isso, a politizaçãodo movimento evangélico não data apenas da última década, mas, a mídia, desde os anos 80, vem apresentando estereótipos do que seria um evangélico e seu projeto de país pautado pela "Bíblia como Constituição". Enfim, esta é uma coletânea a serviço de um entendimento do evangelicalismo brasileiro para além do senso comum.