Nietzsche entrou na Universidade no final dos anos sessenta. Em suas pesquisas, professores tomavam-no como objeto de curiosidades intelectuais avulsas. Era de forma esporádica que visitavam os seus textos; não pretendiam dar conta do conjunto de seus escritos ou dos seus principais conceitos; não tratavam de sua obra no contexto de trabalhos exegéticos ou estudos sistemáticos. Com a efervescência de Maio de 68, em Paris, a extrema esquerda a ele recorreu em suas teorias; aqui, passou a ser visto como iconoclasta. Na França, Foucault, Deleuze, Derrida e outros questionavam conceitos desde sempre presentes na investigação filosófica, colocavam em xeque noções consagradas pela tradição, subvertiam formas habituais de pensar e, ao lado de Marx e Freud, incluíam Nietzsche entre os filósofos da suspeita; no Brasil, quase como uma caixa de ressonância, privilegiava-se a vertente corrosiva do seu pensamento. Os textos reunidos neste volume são, todos eles, da lavra de integrantes do GT Nietzsche; foram, na sua maioria, trabalhos apresentados no contexto da programação do GT, por mim elaborada, quando do último Congresso Nacional de Filosofia organizado pela Anpof. (Excertos da Apresentação de Scarlett Marton).