Poemas brutos, engatilhados, prontos para o disparo. É puxar o ferrolho e ver: o país em ruínas, Feio! Bruto! Estúpido!, em decomposição moral, ética e afetiva. Márcio Dal Rio encarna em poemas da violência não a beleza da ferida, mas ferida e faca, na sintaxe dura, sem ornamentos e subterfúgios poéticos.Ferida e faca juntas, expostas nas dobras de corpos comuns: os nossos.O poema não consola, vem armado à frente, mas também ao lado da barbárie que se infi ltra no cotidiano, no intolerável instante do colapso: vida/morte, denúncia/delírio, vítima/assassino. Nada aqui é panfletário. Na perturbadora polifonia que habita as bordas do real, uma estranha ternura escorre do corpus periférico, exausto e exaurido, social e politicamente.É poesia escrita com sangue para lembrar que - numa lírica manhã de domingo - pessoas estão desistindo. E o poeta escreve porque Márcio Dal Rio não pode desistir de escrever.Pow![Geruza Zelnys]