Segundo a crença dos povos antigos, as substâncias minerais participam da sacralidade da Mãe-Terra. Os minerais são "gestados" no ventre da Terra, tal como embriões. A metalurgia assume, pois, um caráter obstétrico. O minerador e o metalurgista intervêm no desenvolvimento da embriologia subterrânea: eles precipitam o ritmo do crescimento dos minerais, colaboram com a obra da Natureza, ajudam-na para que tenha um "parto" mais rápido. Em resumo, por meio de suas técnicas, o homem ocupa pouco a pouco o lugar do Tempo, isto é, seu trabalho substitui a obra do Tempo.Essa cooperação com a Natureza, auxiliando-a a produzir de forma cada vez mais acelerada, transmutar as modalidades da matéria - eis uma das fontes da ideologia alquímica. Sendo pois um fundidor e ferreiro, o alquimista trabalha sobre a matéria que é, a um só tempo, viva e sacra; suas obras buscam a transformação da matéria, seu "aperfeiçoamento", sua "transmutação".Nesta obra, Eliade lidou sobretudo com as alquimias indianae chinesa, já que são as menos conhecidas pelo público ocidental, mas principalmente porque se apresentam, de uma forma mais nítida, seu caráter de técnica experimental e, igualmente, "mística". Pois a alquimia originalmente não se apresentava comouma ciência empírica, uma espécie de química embrionária; antes, só se tornou isto posteriormente.