Treze figuras são apresentadas no livro Filhos da mata, de Hilton Mercadante. São elas: Caipora, Pé-de-Garrafa, Saci, Mapinguari, Curupira, Cobra-Grande, Caboclo-d'Água, Boitatá, Mãe-do-Ouro, Lobisomem, Cuca, Tibarané e Nicácia. Algumas podem ser chamadas de duendes, elementais, fadas, e outras de visagens, assombrações, fantasmas. Isto pouco importa; o que conta realmente é que são seres totalmente brasileiros, que fazem parte de nossa cultura há muito tempo. Alguns são já conhecidíssimos, como o Saci e o Curupira, e outros estão praticamente sendo apresentados, já que estavam meio esquecidos, como o Pé-de-Garrafa e o Caboclo-d'Água. "Escrever e ilustrar esse livro foi uma 'reação' à onda 'Eu acredito em duende', que mostra os duendes como homenzinhos orelhudos de traços nórdicos, trajados de lã da cabeça aos pés. Essa imagem realmente não combina com as nossas matas tropicais e com o nosso imaginário genuíno. Alguns de nossos duendes são gozadores, andam nus ou quase, têm nomes em tupi ou nheengatu, como Caipora, Boitatá, Curupira, e suas formas e seu comportamento acompanham a riqueza da nossa flora", explica o autor. As assombrações, por sua vez, nada devem às mais terríveis criadas no cinema e na literatura. Algumas são improváveis, como a Nicácia, perdida no sertão do século XIX, e outras são universais, como o Lobisomem. O livro dá uma amostra de nossos seres fantásticos protetores e assustadores e cumpre o importante papel de reaproximar a criança desse universo mágico imenso e mal explorado, que faz parte de um Brasil rural, caboclo, muitas vezes relegado a segundo plano.