Em A Força Movente da Música, Herschmann e Fernandes nos possibilitam não só compreender melhor alguns dos grandes desafios enfrentados pelas cidades criativas no Brasil, mas também problematizar aspectos menos visíveis e conhecidos das mesmas. Assim, para além das badaladas estratégias de branding territorial, constata-se que, seja numa metrópole, vilarejo ou distrito, as redes e conexões musicais são resultantes do agenciamento de práticas tradicionais e contemporâneas - que tecem e são tecidas também nas ruas da cidade (catalisando imaginários e sociabilidades) - as quais polinizam afetos, experiências estéticas e sentidos. Apresentando densas cartografias sensíveis que analisam dinâmicas e territorialidades musicais construídas em Paraty, Rio de Janeiro, Conservatória e Rio das Ostras, os autores nos convidam a repensar o potencial de desenvolvimento social, cultural e econômico do estado do Rio de Janeiro de perspectivas menos habituais, desenvolvendo fabulações especulativas.Neste livro, somos instigados a refletir sobre os processos de formulação de modelos de desenvolvimento das cidades criativas - considerando, especialmente, algumas questões: a quem esses modelos e projetos favorecem? Quais dinâmicas e atores são ou deveriam ser priorizados nessas localidades? Como promover espaços mais includentes e mais democráticos, em que se valorize os ecossistemas musicais menos visíveis desses territórios?Tentando escapar de interpretações sombrias ou mais esquemáticas, os autores buscam não só subsidiar a reformulação de políticas públicas democráticas e sustentáveis, mas também sublinhar a importância das "territorialidades sônico-musicais" construídas - no "fazer com"pelos atores nessas localidades -, como sendo capazes de ressignificar imaginários e experiências urbanas. Afinal, como sugerem os autores, a vida em geral se faz e se refaz, garantindo alternativas e caminhos possíveis.