A filosofia, palavra transgressora... Pertencente ao seu tempo, o gesto filosófico pode ser também capaz de excedê-lo [...]. Mas como transgredir se as filosofias, como outros saberes e práticas, estão calcadas nos solos das épistemes e tecidas nas redes dos dispositivos? [...] Essas histórias que inserem a urdidura das filosofias nas tramas de objetos, saberes e práticas diversificados e as situam como peças de dispositivos historicamente dominantes não fazem, necessariamente, apenas atrelar asfilosofias ao estabelecido. Abrem também a possibilidade do discurso de resistência [...] trata-se, se se quiser, de procedimentos que delineiam um modo outro de história da filosofia como estratégia de criatividade na contraface de dispositivos estratégicos estratificados. Finalmente, reunindo as reflexões que acabamos de sugerir, poderíamos acrescentar: para que a filosofia possa ser um olhar atento sobre o presente, um pensamento sem morada, uma palavra interrogante, é preciso que ela seja -antes de tudo e após tudo - exercício de vida, modo de existência.