A imagem mais conhecida de Giuseppe Garibaldi, encontrada até hoje em selos postais, rótulos de vinho e fotografias, retrata um 'perfeito gaúcho'. A fantástica trajetória desta figura histórica, que retrata o imaginário europeu e o universo sociopolítico do século XIX, encontra-se inscrita em Garibaldi na América do Sul: o mito do gaúcho, livro do jornalista e cientista político brasileiro Gianni Carta, que chega às livrarias em setembro pela Boitempo Editorial.Por meio de uma cuidadosa arqueologia de referências - a influência militarista de Giuseppe Mazzini, o jornalismo de Giovanni Cuneo e Luigi Rossetti, as entusiásticas descrições de Alexandre Dumas e outros escritores -, acompanha-se o desenrolar dos acontecimentos históricos do tempo de Garibaldi: a invenção do daguerreótipo, a Revolução Farroupilha, a Europa efervescente de 1848.Respeitável e temido líder - cujo eco Carta não hesita em apontar nas figuras contestatórias de Che Guevara e Fidel Castro -, o que lhe rendeu a alcunha de 'General do Risorgimento' e um papel fundamental no processo de unificação italiana, Garibaldi se deixou seduzir profundamente pela América do Sul.Recheado de informações históricas embasadas por vasta e sólida pesquisa documental que ocupouoito anos da vida do autor, o livro se esquiva dos chavões enciclopedistas e resulta em um esforço ensaístico divertido e iluminador. Carta buscou referências nas bibliotecas Britânica, François Mitterrand, de Genova, de Turim, de Milão, do Rio de Janeiro, de Montevidéu e de Buenos Aires e também buscou material por onde viveu e lutou Garibaldi, sobretudo nos 13 anos em que viveu na América do Sul, de 1836 a 1848. Percorreu seis países: Itália, França, Grã-Bretanha, Argentina, Uruguai e Brasil,especialmente Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul afora. Entrevistou fontes e historiadores diversos, como Paixão Côrtes, um dos principais folcloristas e pesquisadores a resgatar a cultura gaúcha. Mesmo imerso no universo de Giuseppe Garibaldi, nãofalta espírito crítico no livro de Carta, que interessará sobretudo aos estudiosos de literatura, jornalismo e história. Mas vai muito além destes campos específicos, podendo-se incluir antropólogos, psicólogos, e os amantes de uma bela e romântica aventura. O estudo parte da trajetória extraordinária de Garibaldi para delinear como a imagem deste herói gaúcho, uruguaio e italiano sobreviveu a sua vida histórica, passando ao terreno do mito. Para tanto, o livro detalha como aqueles escribas que