Como entender as mudanças na política e economia brasileira a partir do Plano Real? Por que o Brasil e tantos outros paises sofreram de uma seqüência quase contínua de crises financeiras? Existe alguma opção concreta de mudança para o governo Lula, ou estaria este governo condenado à mediocridade de continuar as políticas da era FHC? O livro A Globalização e a política - De FHC a Lula responde essas perguntas a partir de um detalhado estudo da era FHC e das perspectivas do governo Lula.O autor inicia sua análise com o Plano Cruzado para entender a natureza da inflação e por que este plano falhou. A tese defendida é que o plano não obteve sucesso porque as medidas tomadas não mudavam o regime econômico e político vigente que sustentava ainflação alta como resultado. Em seguida, determina a importância da era Collor de um ponto de vista mais político. A derrocada política a partir dos erros econômicos do Plano Collor foi ''uma precondição importante para a possibilidade de um projeto realmente transformador que seria liderado por Fernando Henrique Cardoso'' (pg.36). O próximo capitulo explica porque o desgaste de Collor abria o caminho para a tomada de poder pelo PT e por Lula. FHC percebe que isso apresentava uma enorme oportunidade para lastrear uma mudança econômica a partir de uma mudança política. Existia a necessidade de apresentar uma alternativa a Lula: ''Fernando Henrique entendia que, na verdade, não o pacto, o consenso, mas a discórdia e a confusão eram necessárias. Ele entendeu que a inflação era, em sua essência, não simplesmente um fenômeno econômico, mas o resultado de um arranjo político-institucional. Como tal, a única possibilidade de mudar o regime inflacionário do pais seria uma mudança no arranjo político que o sustentava.'' (pg.59-60) E essa mudança seria possível devido a ameaça representada por Lula.Volpon demonstra que a opção de mudar a forma, mas não a substância, das relações socioeconômicas tem uma grande tradição na nossa história, sobretudo em momentos de confusão e ameaça ao poder da elite do país. Ele demonstra que a história do país desde a colonização pode ser entendida como a instalação do que ele chama de ''sistema brasileiro'', que ''vê sempre nas formasdiretas e indiretas de tributação da maioria a serviço de uma pequena minoria sua razão maior. Um sistema feito para ser tributado de forma selvagem necessariamente carece de produtividade... somente as crescentes pressões externas devidas à secular