Este livro é resultado de uma pesquisa de mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Psicologia da UFGD, cujo objetivo foi o de conhecer a experiência de pais e mães separados que estiveram com alguma demanda no judiciário relacionada aosfilhos e compreender como concebem os papéis parentais e como conceituam as diferentes modalidades de guarda, em especial a guarda compartilhada. O intuito foi identificar os valores sociais subjacentes a seus discursos, verificando como referênciasideológicas permeiam suas formas de ver e exercer a parentalidade. Através das entrevistas, foi verificado que cada pai e cada mãe possui um conceito diferenciado sobre as modalidades de guarda, de modo que a ideia que têm sobre guarda compartilhadaé muitas vezes equivocada. Independentemente do tipo de guarda estabelecida judicialmente, ela vai se adequar ao modo como cada um que a exerce a concebe, situação que inclusive causa conflitos e reiteradas buscas por novas decisões judiciais. Todosos progenitores que moram com os filhos querem que a outra parte seja mais ativa em suas atribuições parentais, o que para eles proporcionaria menos sobrecarga e mais equitatividade. Ao final, a análise dos discursos destes pais e mães concluiu queo tema da guarda de filhos ainda é permeado por velhos paradigmas, e que apesar das muitas transformações nesse campo, principalmente na esfera legislativa, ainda há uma sobrecarga de responsabilidade sobre a mulher, situação que é naturalizada através das ideologias que "agenciam" as ideias, os anseios, os afetos e as "verdades" que constituem as subjetividades de todos e que, por isso, denotam que a aplicação da guarda compartilhada mereça ser relativizada.