Mestre de gerações de pesquisadores e tradutores de literatura russa no Brasil, Boris Schnaiderman, na juventude, tomou parte ativa na campanha da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial, lutando na Itália contra as forças do nazifascismo. O relato dessa experiência que o marcaria pelo resto da vida está em Guerra em surdina, publicado pela primeira vez em 1964.Combinando narração em primeira e terceira pessoa, passagens de diário e fluxos de consciência, este livro incomum detalha como poucos a crise de valores provocada num indivíduo pela chamada "névoa da guerra". Ao mesmo tempo, conta com objetividade o percurso do primeiro escalão da FEB, desde seu desembarque em Nápoles em 1944 até a euforia da vitória no norte da Itália no ano seguinte. As hierarquias do exército, o convívio com os norte-americanos, o desamparo da população italiana, os abismos de classe, de raça, de gênero e, sobretudo, o estado de ânimo dos pracinhas - seja no início da campanha, seja em momentos cruciais da guerra, como na árdua tomada de Monte Castelo -, tudo isso é descrito por um olhar sensível e questionador.Esta edição incorpora a última revisão feita em vida pelo autor e traz fotos inéditas da guerra, de sua coleção pessoal, e um posfácio da psicanalista e cineasta Miriam Chnaiderman, que comenta o processo de escrita de Guerra em surdina enquanto faz um retrato lúcido e afetuoso do homem e do intelectual Boris Schnaiderman.